quinta-feira, 9 de junho de 2011

Religiões de Matriz Africana VIII

chamar de uma longa duração da mentalidade. Além do mais, a maioria dos católicos ainda desconhece as orientações conciliares. Se por um lado a Igreja Católica no Brasil, oficialmente, através da CNBB, vem mudando de posicionamento, publicando, em 1976, novas orientações pastorais para tratamento respeitoso da “Macumba e dos Cultos Afro-Brasileiros”[1]; por outro lado, a partir da década de oitenta, a expansão das igrejas neopentecostais vem coincidindo  com a deflagração de uma cruzada cristã contra pessoas e templos das religiões afro-brasileira, inclusive com invasão organizada a templos e cerimônias religiosas, como ocorreu recentemente em Salvador e também em Belo Horizonte.

3- A intolerância religiosa e alguns fundamentos das religiões de matriz africana
       
            Diante da problemática que envolve a intolerância religiosa e o preconceito com relação aos adeptos e aos templos das religiões da matriz africana, temos de nos perguntar pelos motivos que atualmente resultam nessas atitudes. Para tentar compreender os motivos da intolerância e do preconceito, duas indagações podem ser feitas, uma primeira relacionada aos fundamentos e à organização, e a uma outra sobre a aceitação e à legitimidade. A primeira pergunta pode ser formulada nesses termos: O que há de tão absurdo na organização e nos fundamentos das religiões da matriz africana, que poderia explicar a intolerância e os preconceitos de que são vítimas as pessoas adeptas dessas religiões? A outra pergunta é: Por que será que no mercado concorrecional das religiões, para usar uma expressão de Pierre Bourdieu, as religiões de matriz africana enfrentam grandes problemas de aceitação e de legitimidades no Brasil?
            Para responder essas duas indagações tenho de explicitar mais uma vez o que estou entendendo por religiões de matriz africana no Brasil.  Mesmo contrariando alguns segmentos religiosos que não reconhecem a Umbanda como uma religião de matriz africana, em função de um certo processo em embranquecimento de práticas afro-brasileiras, ainda assim, entendo como religiões de matriz africana no Brasil todas as expressões religiosas em que existem algum tipo de transe possessão mediúnica (de orixá, inquice, vodum ou ancestral) e de rituais de iniciação, públicos ou privados, envolvendo a


[1] CNBB-Leste 1, 1976.

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